sábado, 9 de setembro de 2017

Como podem os pássaros, semeadores do ar, conhecer-te tão bem?
Não é de hoje que escuto eles te chamando do lado de fora do meu quarto, inutilmente clamando teu nome em pios, um hino melancólico que parece ser dirigido a minha pessoa. É inacreditável. Que pacto terá feito tu com estes seres maravilhosos e com toda a natureza, pois que quando me ponho a regar as plantas vejo em tuas folhas marcas que remontam a tua pessoa, e lá estou eu de novo a pensar em como poderia ser diferente, quando a água cai sobre o meu pé e sou lançado novamente a terra, o vaso todo inundado, a mente ofuscada e o peito vazio. Que pacto terá feito tu com as estrelas? Pois que quando me ponho a olhar o céu não consigo pensar noutra coisa senão no desejo ardente de consumi-la por completo, até que não reste dúvidas, até que não reste fome, até que não reste nada. Além de nós.

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