sábado, 21 de novembro de 2015

Cafeteria

Adentro a cafeteria na rua da católica
invisível, como a massa vidraceira que me cerca.
ao fundo os ruídos da cidade.
pura matéria de poesia.

como de praxe
despejo impressões sobre o papel.
vizinho a mim um casal discute.
para matéria da poesia.

ele diz:
"não era isso que esperava de ti"
e lamenta, expectativo.
mas através dos olhos ela o enlaça...
não é preciso dizer nada.

ela sabe
bem sabe ela quem manda no jogo.
neste vil jogo que fazemos quando amamos
enquanto amamos e nos fazemos.

ele corre
assenta suas lamúrias
segreda seus intentos
mas através dos olhos ela o enlaça...
será que não é preciso dizer nada?

(perco o olhar)

vejo a colher de plástico
esta colher solitária e minha
uma colher entre um milhão.
uma simples colher, no entanto..
única neste poema.

seria fácil, imagino
ser uma colher ou um grão de açúcar ou
qualquer outro objeto cujo sentido
viera junto a si no mundo

(volto-me ao casal)

o silencio jocoso
a verdade dissimulada
o desapontamento arguto dos seios
que fazem juntos?

então
apoiar-se sobre os cotovelos
olhar bem ao fundo dos olhos
e não precisar dizer mais nada...

até o silêncio falar por si.




sex 20 nov 15



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