sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Tempo

Cresço e carrego comigo memórias.
Das quais sempre me encontro exposto
E quando o agora virar o depois, que me resta?
Palavras que contam estórias..
e um olhar de menino no rosto.

Porque o tempo é rápido e traiçoeiro,
E as coisas que julgamos mais infindáveis e permanentes
Caem no espaço das lembranças
Como um toque sem contato
Aos corações repletos de esperança

Mas, aquele olhar de menino permanece,
Como alguém que nunca fora avisado
Que o tempo é uma invenção do homem..
tal como as memórias.

Hoje é dia de fazer poesia

Hoje é dia de cantar ao vento palavras soltas,
E deixar o vento as levá-la com serenidade
Para além dos muros por nós levantados
Para além do tempo por nós posto

Hoje é dia de fazer poesia, e assim..
como nos outros dias sem razões
ela escorre pelos dedos como chuva na janela
e invade o quarto como um único raio de sol2
ora expôs minhas fraquezas por meio de palavras
e assim dorme..dorme..

E sonha. E ri. E acorda. E me vê.
E quando digo-a que é linda:
Desconcerta-se, embora acostumada.
E como a poesia, que de nada vale sem o leitor
é a tua beleza..
Sem meus olhos.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Cantos

Quando a alvorada resplandece,
Traz consigo o canto de um milhão de pássaros,
Que concebem na sinfonia do mundo
Um milhão de desejos.
E o meu, não maior nem menor
Ecoa, como todos, ao vazio da indiferença
Que é apenas um sono sem sonhos,
Embora cheio de razões.
A diferença é que quando canto,
Canto ao amanhã,
Que é, de tudo,
A menor das certezas
E quando calo,
Calo ao agora,
Que é, de tudo,
O maior dos tesouros

Fadiga

Cansado
de tudo
um pouco, do mundo
um pouco, de mim

Durante o vôo

Escrevo de um avião. Sentado, apertado, compelido à escrever pelo tédio. Motivado pelas leituras que fiz durante a espera. 7 horas. 7 horas de atraso. Sai de Pelotas às 4:00, sai, exatamente, da casa da Vivian, que me pediu que estralasse suas costas. –Antes de ir, quero que estrale minhas costas – foi o que ela me disse. E eu, aceitei, claro. Longe de mim rejeitar a oportunidade de abraçar seu corpo, senti-lo. Gosto do prazer, do momento, da vivência. Do sentido que o sexo dá as relações. Tá aí. O erro nas relações. Pensar que sexo é amor, e assim em diante. Mas, não fujamos do assunto: Escrevo a não sei quantos mil pés (nunca entendi como podem medir uma altura tão grande baseado em algo tão pequeno). Pés¿ Por que não braços¿ Diminuiria a altura, e nos daria uma sensação de estarmos, -mesmo que enganados- mais seguros. E o tempo continua, não para, nunca. É inevitável, ousado, metido. Segue, indiferente. Uma invenção da morte, que também é ousada.  E enquanto segue, escrevo. Sem assunto, a não ser pelo tédio. E, é claro, pela vontade de escrever. Seguramente me distancio de Pelotas. É, rumo à Aracaju. À minha terra, onde cresci, onde cultivei amizades, vivências, amores..espero não estar enganado sobre essa ansiedade que é sempre amiga nas saudades. Sempre somos tão ansiosos. Acabamos esquecendo de viver, em função de sermos aquilo que nem sabemos direito o que é. E enquanto somos, procuramos, em vão, o motivo pelo qual somos. Sentido da vida¿ Vai saber! Eu só quero mesmo é chegar logo. Rever minha família, tomar um banho, café, beck.  Já falei que escrevo de um avião¿ Pois bem, engraçada essa coisa de escrever em avião. É relaxante, terapêutico. Uma viagem para dentro de si, viajando para outro lugar. E nessa máquina de metal a não sei quantos mil pés eu me perco, divago, sou meio louco, meio poeta, meio infeliz, meio confuso, meio tudo. Um pouco de tudo. Um tanto de nada. As pessoas conversam, baixinho, cansadas..todos desconfortáveis por estarem num avião. Confortadas pela ideia de chegarem logo mais. Eis o que vejo. –E o lanche que não chega¿ - Diz uma senhora, por sinal, faminta. –“Quando ele chegar, o avião já vai ter aterrissado”. Lança outra, querendo engendrar-se na conversa. E, por isso, percebo, de certa forma: Nordestino é um bicho solidário. Podemos ser tudo, menos mesquinhos! Mal-educados, talvez. Ignorantes¿ Quando necessário. Mas mesquinhos¿ Jamais. Ajudar ao próximo –sobretudo se for nordestino- é regra geral. Menos quando se está no Nordeste, pois estando lá, é cada um por si. Fora dele, somos todos irmãos. Companheiros. Mas, voltemos ao avião, decidi escrever até a hora em que ele irá pousar. Ou até a hora em que a bateria do notebook termine. 3hr25min restantes, é, dá para escrever até o pouso. Mas o quê? Sobre o quê? Queria escrever algo filosófico, afinal estou no curso de Filosofia. Apesar de que estou no primeiro semestre, portanto a responsabilidade é menor. Eu acho. Né? E essas interrogações, que só saem de cabeça pra baixo. Que coisa idiota. Notebook idiota. Dono estúpido. Mal sabe virar a interrogação e já quer escrever até que o avião pouse. Pura vaidade. Maciez intelectual. Ou, talvez, todo livro tenha um pouco de vaidade de seu autor. É no desejo de mostrar ao mundo aquilo que todos enxergam e poucos veem que  são escritos os mais belos livros, poemas, peças, sonetos, enfim..A vaidade é mãe da criação. Somos todos vaidosos. Alguns mais do que outros. Tipo eu. Sou vaidoso, não apenas intelectual como fisicamente. E não me incomodo disso, minha vaidade é auto reflexão. Meu ego, um espelho. Ensimesmando-se critico-me. Elogio-me. Sou, de todas as formas, um crítico de mim mesmo. E um vaidoso por consequência. Narcisista também. Um pouco. Ou até muito, quem sabe. A verdade é que gosto de escrever. E o senhor do lado que vira e meche olha o que escrevo dormiu. 18:07, ainda temos mais uma hora e meia de escritos. Preparados¿ Pois eu não. Escrevi, escrevi, e não produzi nada. Nadica. Palavras. Apenas. Palavras. Pequenas. Palavras...(8) Soltas! Sim. Dispersas. Produzidas por meio de dedos velozes. Anos de prática em games online e sites pornô. Que me ensinaram a usá-los. Ou me enganaram a vida toda.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Ser

Todo segundo de vida, 
é um segundo de perda.
E a indiferença, exposta no rosto do tempo
Denuncia a finitude.

Mas a consciência, que encarcera o homem
Defende-se contra o fatalismo,
Remanesce, gritando ao mundo:
Sou infinito.

Danilo Freire

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Nós, filósofos

Nós, que assistimos aflitos ao espetáculo da vida; não deixamos o véu da trivialidade cobrir o cotidiano; consternamos as almas cegas e as induzimos à razão; nós que não aceitamos de forma alguma ter o espírito crítico atordoado; inconformados pela existência vil que nos é imposta; nós, luxados, deslocados, inadequados, carregamos conosco o desejo de mudança, o medo da simplicidade e, sobretudo, o sentimento de pertence ao mundo:

Nós somos filósofos. E desatamos os nós da racionalidade..

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Um gole de carinho

Em olhares avulsos percebo a denúncia,
de dispersas almas sedentas por carinho,
balbuciam palavras, pobres prosas,
e em cada esquina um coração partido
reconstruído pela ilusão de um agora eterno
apostam em amores de porção, beijos sem sentido..

Não entendem direito o por que e o pra que,
mas enchem o copo e saltam as sílabas.
E eu, que sempre me julguei tão austero,
corrompo-me com um gole de vinho..
pois esta sede por amor
é uma sede de carinho.

E percebo a ironia, por um breve segundo:
Quem sou eu para julgar?
Se quando escrevo 

escrevo de um bar..

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Carência

Há de lembrar-se:

À míngua de carinho,
Olhe no espelho,
Veja que o outro,
De nada tem valor,
Se não der valor a si

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um navegante

Num mar de sentimentos
Encontra-se um navegante
Que de tanto perder-se
Hoje teme se encontrar..

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Silêncio, um amigo

E esse silêncio extremo que perpassa o tempo e o faz durar, estende-se, e como uma sinfonia de suspiros faz-se transparecer. Como quem não quer nada, mas, por si só, diz tudo. E por um breve segundo de desapego eu entendo o silêncio; Percebo-o. Sinto-o. Vivo-o.. Não há coisa melhor.