tornar o amor uma casa
erguê-lo como se ergue um lugar, abrigar-se nele
entrar dentro do amor
refugiar-se em suas trincheiras como
os que vêm feridos de morte
os que de súbito entendem que viver é breve ─
mas amar é longo
torná-lo tua mão que alcança a minha
a volta a um primeiro ato
de misericórdia
o sangue marcando as ombreiras de nossas portas
tornar o amor um esconderijo de infância
uma fresta na madeira
uma luz tênue
uma ave
tornar o amor uma casa; torná-lo
uma asa
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mar becker
em: um dos poemas da seção final de "sal", 2021/22